domingo, 30 de setembro de 2012


Revista Linguagem em (Dis)curso, volume 11, número 3, set./dez. 2011.
CONTRADIÇÕES NA DIVULGAÇÃO DE CONHECIMENTO CIENTÍFICO E CULTURAL
Solange Leda Gallo*

ResumoAqui fazemos uma reflexão sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido há alguns anos no âmbito de um dos grupos de pesquisa inscrito na linha de pesquisa de “Texto e Discurso” do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da Unisul. Esse trabalho se materializa em várias publicações científicas de todo grupo e em duas produções digitais de divulgação de conhecimento, a Revista “Ciência em Curso” (www.cienciaemcurso.unisul.br) e o Projeto “feito a mão” (www.feitoamao.unisul.br). Discutimos aqui as contradições que estão na base da produção de conhecimento e de suas formas de circulação de acordo com resultados de análises já desenvolvidas. Essas análises recortam a questão da mediação no jornalismo científico e na divulgação científica, a questão do conhecimento científico e do conhecimento cultural, a questão da ciência em relação à C&T; e a questão do discurso da contemporaneidade e da memória.
Palavras-chave: Análise de discurso. Divulgação de conhecimento científico e cultural. Contradição. Memória.

Acessível em:


http://linguagem.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/1103/10.htm



domingo, 9 de setembro de 2012

DISCURSIVIDADE ONLINE


Este texto foi enviado para publicação no livro resultante do V SEAD - Seminário em Análise de Discurso, ocorrido em Porto Alegre - RS, na UFRGS, em setembro de 2011. Está no prelo.



Discursividade online

Solange Leda Gallo – PPGCL/UNISUL
solange.gallo@unisul.br

            Resumo

            Tematizarei aqui o efeito de sentido que estou tratando como online, por oposição ao que se conhecia como “ao vivo”, outro efeito de sentido produzido pela mídia. Nesta perspectiva podemos compreender o online como uma das discursividades específicas da rede internet.

              Palavras-chave: Discursividade online; Efeito-autor; Internet.

            Introdução

             Em um trabalho anterior (Gallo, 2011), desenvolvi uma análise da qual depreendi dois tipos de condições de produção de textos da internet: condições constitutivas de acontecimentos enunciativos, e constitutivas de acontecimentos discursivos. As primeiras, por estarem sustentadas por memórias institucionais (escolas, igrejas, empresas, bancos, etc) permitem que os enunciados sejam apenas temporalizados de forma específica, na rede internet, mantendo seu caminho de interpretação garantido pela mesma memória[1].
Já as do segundo tipo, correspondem a condições que eu designei como sendo “mais próprios da internet”, que estão na base de sites como orkut, facebook, youtube, google, twitter, skype, entre outros, considerando que nesse caso a discursividade nasce nessas condições que são da rede internet, e podem constituir  acontecimento discursivo, na medida em que mobilizam memórias discursivas outras, não institucionais.
           

             O “ao vivo” e  o  online

             Hoje, proponho um maior aprofundamento nessa questão.
Começarei por discutir a condição comum a todos esses materiais da internet, que é a condição de parecerem/serem/estarem online. Mobilizarei, ainda, para esse estudo, uma análise que desenvolvi no meu doutorado, análise de emissões radiofônicas produzidas “ao vivo”, em uma Rádio aberta, por alunos de uma escola de Paris. Para tanto, na época, formulei as noções de “espaços cambiáveis”, além das noções de “autenticação” e “legitimação” (Gallo, 2008).  Inicialmente, considerei “autenticação” o “processo no qual o sujeito se encontra sempre imerso, e que dá conta do movimento e da fixação desse sujeito no espaço de cadeias significantes que não se alinham necessariamente em FDs”. Esse processo explica a dispersão do sujeito e é da ordem do inconsciente. Há  uma “ambiguidade constitutiva” no nível da “autenticação”. Aliado a esse processo, mas funcionando de forma contraditória a ele, há “o processo de legitimação, que dá conta do movimento e fixação do sujeito em determinada FD”, e não somente em uma cadeia significante.
       Assim, ao tomar uma posição na textualidade de algo transmitido “ao vivo”, o sujeito se posiciona, atualizando, nessa tomada de posição, arquivos que podem ter sido formulados em outras condições de produção. Esse movimento foi apontado como sendo análogo ao da tomada de posição no discurso, de maneira geral, na medida em que, nesse gesto, que é sempre um gesto de interpretação, o sujeito se posiciona em uma determinada região do interdiscurso, identificando-se com esses sentidos, tanto no nível do construído como do  pré-construído, apagando sua ambiguidade latente.

       A  posição-sujeito absorve as determinações específicas e produz um efeito de sentido determinado, um efeito de homogeneidade, silenciando/esquecendo as ambiguidades. O sujeito produz esse apagamento através do processo de legitimação, que está na base da textualização, e que mascara o processo de autenticação, justamente apagando (para o sujeito) suas ambiguidades constitutivas (sem jamais consegui-lo totalmente). Assim, há “esquecimento”, relacionado ao processo de autenticação e, ao mesmo tempo, relacionando-se ao processo de legitimação, há memória, no nível do sócio-histórico, que posiciona o sujeito no discurso. (Gallo 2008, pg.68)

As noções de autenticação e legitimação foram formuladas, então, para explicar uma produção “ao vivo”, na qual há “espaços cambiáveis”, aqueles “furos” na textualidade por onde vaza uma marca de enunciação. Por exemplo, a oralização do horário exato em que se está apresentando um noticiário; lugares onde o sujeito marca sua presença, absorvendo, nesse gesto, os sentidos ali presentes, responsabilizando-se por eles, dando a eles unidade, ou seja,  o efeito de fim e de autoria, efeito esse relacionado, nesse caso, ao discurso midiático (radiofônico).
Poderíamos, ainda, dizer que há aí formas de heterogeneidade mostrada e marcada que, conforme formulada por Authier:
           
           Essas formas representam uma negociação com as forças centrífugas, de desagregação, da heterogeneidade constitutiva: elas constroem no desconhecimento desta, uma representação da enunciação que, por ser ilusória, é uma proteção necessária para que um discurso possa ser mantido. (Authier 1990, pg. 33).


             Status presente, perfil,  efeito-sujeito

             Passarei, agora, a refletir sobre o online por comparação ao “ao vivo”, e esse online tomado aqui como efeito de sentido entre interlocutores presentes no espaço da internet, efeito esse que se espalha nesse espaço completamente dilacerado pelo excesso, como veremos.
Começarei por observar que embora o sujeito que está/é online coincida  sempre com uma posição, ele só é efetivamente tomado enquanto um sujeito, quando se relaciona com outra posição-sujeito.
O que é curioso, no entanto, é que nessa discursividade online, mesmo quando o sujeito não está se relacionando com um seu interlocutor, seu status pode estar/ser presente. Por esse motivo, direi que trata-se, nesse caso (no caso específico do status), de um efeito-sujeito, e não de uma posição-sujeito.
Em outras palavras, trata-se de um processo análogo àquele descrito acima, referente a enunciados produzidos “ao vivo”. Ou seja, aqui também os sujeitos só se constituem nos “espaço cambiáveis”, porque somente aí há interlocução. No entanto, o efeito do que é online se espalha por todo o texto, fazendo parecer que tudo o que está sendo apresentado, está sendo produzido online,  quando na realidade trata-se de arquivos produzidos em outras condições de produção, e ali atualizados pela via desses “espaços cambiáveis”, que funcionam como fissuras por onde o efeito de atualidade penetra, principalmente se o status do sujeito for “presente”.
Por exemplo, quando você entra no facebook, alguns dos seus “amigos” podem estar efetivamente online, ou seja, conectados ao mesmo tempo que você, o que permite que se tenha uma interlocução instantaneamente, assim como alguns posts vão aparecendo enquanto se está online, o que também produz o mesmo efeito de atualidade. Porém, a maioria dos “amigos” que postaram textos, não estão online ao mesmo tempo, e suas postagens foram feitas em outros contextos de enunciação. Mas na presença do seu perfil, o efeito é de que tudo o que está ali disposto está online, mesmo quando se trata de arquivos “fechados” e determinados por outras condições de produção. Isso também acontece nas produções “ao vivo”.

                  Efeito de “rede”: formas polêmicas e lúdicas

             No entanto, uma primeira diferença em relação ao  “ao vivo”, é que no online os “espaços cambiáveis” são muitos, são inumeráveis, e cada um constitui um nó de uma grande teia (web) em uma configuração rizomática.
Nesse sentido, a própria ideia de rede é efeito de sentido dessa discursividade que estou denominando online, na medida em que ela funciona apontando inúmeros caminhos, múltiplas possibilidades, que se apresentam simultaneamente e que, embora não sejam realizáveis simultaneamente pelo sujeito, que tem o limite de só poder estar em um lugar discursivo a cada enunciação, o sentido produzido por esse sujeito é um entre inúmeras possibilidades latentes (virtuais). Enquanto no caso do “ao vivo”, o sentido fica contido em um movimento de ida e volta, no qual prevalece um interlocutor (quase) exclusivo, como é próprio das formas discursivas autoritárias. Ao contrário, nas produções online, a reversibilidade entre os interlocutores é determinante.  Dessa diferença decorrem várias outras.
Vejamos, segundo Orlandi (1983), a reversibilidade é uma característica de formas discursivas polêmicas, o que constitui uma diferença em relação às formas autoritárias, nas quais não há reversibilidade entre os interlocutores, e o que se vê é um interlocutor exclusivo. Da mesma forma, a reversibilidade entre interlocutores se dá diferentemente nas formas lúdicas, por serem aí extremas e sem controle.
Assim, tomaremos a noção de reversibilidade controlada para compreendermos as formas discursivas polêmicas, identificando essas formas às formas enunciativas produzidas online. Ou seja, nesses casos, há uma reversibilidade entre os interlocutores, diferente de um interlocutor exclusivo, como é o caso das produções radiofônicas “ao vivo”.


                Algumas Consequências

                A pergunta, então, que se coloca, diz respeito às consequências dessa reversibilidade.
A primeira delas tem relação com a questão da autoria, ou seja, em uma produção de conhecimento, compartilhada entre interlocutores, a função-autor é também compartilhada, e em lugar de locutor e leitor, temos aí interlocutores autores.
No entanto, somente estão disponíveis, a qualquer momento (online), enunciados  acumulados pela memória metálica, não os sujeitos (não todos os “amigos”, no caso do facebook).
Isso permite formular que no online, a relação do sujeito que navega, inscrito em uma memória discursiva, tanto pode se dar  na forma de uma interação, com um efeito-sujeito produzido pela memória metálica; quanto pode se dar na forma de uma interlocução, com um sujeito em uma posição discursiva, resultante de uma interpelação.
Estamos considerando, aqui, interação e interlocução como movimentos  diferentes [2].  Segundo Pêcheux “as coisas-a-saber ...são sempre tomadas em redes de memória, dando lugar a filiações identificadoras e não a aprendizagens por interação: a transferência não é uma interação, e as filiações históricas nas quais se inscrevem os indivíduos não são máquinas de aprender.” (Pêcheux, 1990, p.54)
Dessa primeira consequência, decorre imediatamente outra, a saber, ao se posicionar em uma relação sem um sujeito interlocutor (um efeito-sujeito), a reversibilidade tem uma nova configuração, mais própria de formas lúdicas. Por exemplo, ao digitar um enunciado para busca, no google, virá uma resposta do interlocutor-efeito-sujeito, dispondo inúmeros enunciados que podem encaixar-se (ou não) à demanda do sujeito que busca, que por sua vez dará uma resposta  a esse sujeito que é, em última instância, o programador do site. Mas essa relação de interlocução é vaga, difusa e im-precisa. Por outro lado, as possibilidades de reversibilidade são quase infinitas em razão da dimensão dos bancos de dados informatizados, o que caracteriza formas lúdicas. Podemos dizer que nesse caso a identificação dos sujeitos se dá, inclusive, com a discursividade dos jogos (games).
Temos, no online, portanto, a injunção a essa “memória metálica”, na qual, segundo Orlandi, que propõe o conceito, “uma formulação se transforma em várias outras sem que se toque no domínio da constituição, onde um sentido poderia vir a ser outro na sua historicidade. Produz-se assim uma memória achatada, horizontal”. (Orlandi 2001, p.182).
Ou seja, essa relação interativa relacionada a essa memória se caracteriza pelo excesso, na medida em que os dizeres são inumeráveis e sempre presentes; e pela seriação, uma vez que eles não se acumulam em profundidade, mas na superfície. Também aínão há limites (aparentes) para “o que pode ou deve ser dito” (Pêcheux, 1988), ao contrário, nesses espaços parece que pode (ou deve) constar  TUDO de uma determinada série. Esse é o efeito que caracteriza essa discursividade, um dos efeitos resultantes da articulação  da memória metálica à memória discursiva, nesse caso, em formas lúdicas.
Portanto, podemos pensar que os limites do sentido do online são dados, em boa medida, pela textualidade, ou seja, pelos procedimentos (modo de acesso), pela forma textual (audiovisual, grafado, oralizado, etc), pelo espaço físico (megas, gigas, etc.); enquanto a discursividade necessária à interpretação está sempre fora daí, articulada nas interlocuções (nós da rede).
Essa superfície digital e interativa, trabalha articulando uma presença intercambiável (não importa quem é o sujeito que imputa os dados, ou o sujeito que navega), com uma memória que só pode ser recortada por duas variáveis; ou reconhecendo a demanda, e respondendo com uma paráfrase, ou desconhecendo-a e respondendo com “nenhum resultado”. Não há aí nem contradição, nem esquecimento[3].
Da mesma forma funciona o discurso tecnológico materializado nesses sites que respondem, a partir de cálculos algorítmicos, alguma coisa que produz o efeito de ser dirigido ao sujeito que busca, seja ele quem for.
A interlocução que está na base desta rede parece ser  aquela que se dá entre o sujeito que navega e aquele que produz as “clivagens subterrâneas.”[4] (Pêcheux, 1994).
Essas clivagens, resultantes do gesto de interpretação do(s) sujeito(s) que programa o software, já determina um rol de possibilidades e de impossibilidades para o sujeito leitor/navegador.
A essa interlocução se sobrepõem todas as outras, entre sujeitos que dialogam online. Essas interlocuções são determinadas pelas posições desses sujeitos nas inúmeras textualidades que funcionam na rede.

O efeito de sentido para o sujeito que navega, é de um dizer sem fim, apenas interrupção, de multiplicidade em vez de unidade e, ao mesmo tempo, de um poder dizer, em um lugar discursivo que tem o efeito de legitimidade, de inscrição, para logo em seguida desfazer-se em múltiplas trilhas e potenciais trajetórias jamais completamente trilhadas.

              Em relação ao acontecimento discursivo

              Assim, se o acontecimento discursivo é a articulação de uma atualidade e de uma memória (Pêcheux, 1990), diremos que a discursividade online se constitui em acontecimento discursivo em relação ao “ao vivo”, na medida em que sua atualidade, a interlocução, encontra a memória por meio de formas polêmicas e lúdicas, e não por meio de formas autoritárias, como é o caso do “ao vivo”. Além disso, as interlocuções na internet são muitas e a todo momento e quase simultaneamente, enquanto no “ao vivo” são poucos os momentos em que a interlocução realmente flui fora do controle do discurso da mídia. Finalmente, se no “ao vivo” se produz o efeito de autoria, unidade, fechamento e legitimidade nos chamados “espaços cambiáveis”, no online, ao contrário, esse efeito é tão instantâneo e recorrente que muitas vezes não chega sequer a caracterizar-se como tal, principalmente nas redes sociais[5].  

          
             Considerações Finais

              De acordo com o que vimos, podemos dizer agora que a discursividade online parece ter uma contradição de base. Por um lado ela produz uma posição-sujeito-autor, que é ao mesmo tempo lugar de inscrição compartilhado e múltiplo, e processo de legitimação instantâneo, duas condições que conjugadas, são novas, possibilitadas pela internet.
A contradição, no entanto, se encontra no fato de que a relação do sujeito que navega pode ser, ao mesmo tempo, de interação com o efeito-sujeito produzido pela memória metálica, e nesse caso, o que se produz como sentido é um reflexo de um mesmo dizer, produzido mecanicamente, no qual não há autor construído.
Não temos ainda a dimensão das consequências desse funcionamento. Somente podemos dizer que para o sujeito que navega, esses funcionamentos contraditórios parecem indiscerníveis, e um efeito-sujeito pode ser confundido como um interlocutor em uma posição-sujeito, e vice-versa.
Podemos pensar que, nesse sentido, o homem e a máquina, na instância do simbólico, já não tem uma nítida separação. Na discursividade online já estamos diante de uma condição híbrida de constituição do sujeito.
O sujeito, aqui, apesar de estar em rede, está individualizado nessa forma material. É preciso “logar-se” individualmente, para estar online e, imediatamente, “entrar no jogo”, ou seja, responder por um perfil, por um status.
Nessas condições, ao mesmo tempo que se trata de um sujeito-autor, nunca antes tão abrangente e tão coletivo, se trata também de um reflexo de si, produzido mecanicamente.
Do ponto de vista político, a posição-sujeito na qual nos inscrevemos na discursividade online, por um lado pode concentrar um grande poder agregador; enquanto por outro, pode ser (a)traída/tomada por uma individualidade (enquanto sentidos autorreferentes) sem precedentes, que  desloca os sujeitos (desse poder)  permanentemente.

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Bibliografia

         AUTHIER, J. (1990). “Heterogeneidade(s) Enunciativa(s)” Cadernos de Estudos  
                   Linguísticos, nº 19. Campinas: Unicamp.
GALLO, Solange (2008). Como o texto se produz: uma perspectiva discursiva. Blumenau: Nova Letra.
_______ (2011). "A Internet como Acontecimento", in: Indursky, F.; Mittmann, S; Ferreira, M.C.L. (org.), Memória e história da/na análise do Discurso. Campinas: Mercado de Letras.
_______ (2011). “Da Escrita à Escritoralidade: um percurso em direção ao autor online”. In. Rodrigues, E.; Santos, G. L.; Castello Branco, Luiza K. (org.). Análise de Discurso no Brasil. Uma homenagem a Eni Orlandi. Campinas. Ed. RG.
GRIGOLETTO, Evandra (2011). "O Discurso nos ambientes Virtuais de aprendizagem: entre a interação e a interlocução", in: GRIGOLETTO, E.; DE NARDI, F.S; SCHONS, C. R. (org.), Discursos em rede: práticas de (re)produção, movimentos de resistência e constituição da subjetividade no ciberespaço. RECIFE: Ed. Universitária- UFPE.
GUIMARÃES, Eduardo (2002). Semântica do Acontecimento. Campinas: Ed. Pontes.
ORLANDI, Eni (1983). A Linguagem e seu funcionamento. As formas do discurso. São Paulo: Ed. Brasiliense.
_________ (2005). Discurso e Texto. Campinas: Pontes.
PÊCHEUX, Michel (1990). Estrutura ou Acontecimento. Campinas: Pontes.
__________( 1999). "Papel da Memória”. In. Papel da Memória. Campinas: Ed. Pontes.
__________(1994). “Ler o arquivo hoje”. In. Gestos de Leitura. Campinas: Unicamp.




[1] A noção de acontecimento enunciativo enquanto “o que instala sua própria temporalidade” é de Guimarães (2002).

[2] Refletindo sobre os ambientes virtuais de aprendizagem (AVAs), Grigoletto também aponta para uma divergência entre interação e interlocução, entendendo “a interação, como o movimento do homem com a máquina, e  a interlocução como o movimento dos/entre os sujeitos.” (Grigoletto, 2011).

[3] O sujeito-programador, inscrito no discurso da tecnologia, assim como o sujeito-publicitário, produz o seu dizer para um você, que é um e todos, e ao mesmo tempo, ninguém, como afirma Orlandi, ao analisar o enunciado publicitário “Brasil, um país de todos”:
Esse “todos” é ambíguo, somos todos nós brasileiros, que estamos aí evocados, ou todos em aberto? O equívoco está em que pensamos sermos nós, povo brasileiro, em nossa igualdade social (impossível) e na verdade somos apenas um todo indeterminado, parte do discurso da globalização (Orlandi 2012, pg.126-127)

[4] No artigo intitulado “Ler o arquivo hoje”, Pêcheux fala de clivagens subterrâneas como sendo “o sistema dos  gestos de leitura subjacentes na construção do arquivo, no acesso aos documentos e na maneira de apreendê-los, nas práticas silenciosas da leitura “espontânea”...” (Pêcheux, 1994, pg. 56-57).
[5] Nem todos os espaços da internet tem essa mesma característica de diluição quase total do efeito-autor. Por exemplo, nos blogs, ou mesmo nos fóruns, o efeito-autor é bem mais forte por não serem as interlocuções tão instantâneas e síncronas. Por outro lado, há na internet espaços em que formas autoritárias estão presentes e impedem, igualmente, o efeito-autor por razões opostas, ou seja, não pelo excesso, mas pela censura, como é o caso de alguns espaços da EAD, ou de sites institucionais.